4ª etapa: A mensagem de Paray, segunda parte: Dar amor por amor

Parcours sur la consécration au Sacré-Cœur
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4. Le message de Paray (II). Rendre amour pour amour
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Nós aprofundamos a mensagem de Paray. Depois de ter descoberto o quanto Margarida Maria fez a experiência do amor do Coração de Jesus por ela, na terceira etapa, escutemos agora  a queixa que Ele lhe dirige, nesta quarta etapa.

 

  1. A queixa de Jesus

Durante a primeira aparição, Margarida Maria teve a visão do coração em um trono de chamas rodeado de espinhos. Jesus lhe disse « Se tu soubesses o quanto eu tenho sede de ser amado pelos homens.» E «Eu tenho sede, eu tenho um desejo ardente de ser amado». Trata-se de uma lamentação: o amor não é amado! Estes são os espinhos! As próximas aparições   darão indicações preciosas sobre estes « espinhos ».

Na segunda grande aparição Jesus exprime a dor por seu grande amor só receber em retorno « Ingratidões e indiferença, friezas e rejeição por toda minha ânsia de lhes fazer o bem… Isso que me é muito mais sensível que tudo o que eu sofri na minha Paixão. » (Autobiografia §§ 55-56)

Esta queixa será desdobrada na terceira grande aparição: Por reconhecimento eu só recebo, da maior parte, ingratidão, por suas irreverencias e seus sacrilégios, e pela frieza e desprezo que eles tem por mim neste Sacramento de Amor. Mas o que me é ainda mais sensível para mim é que são os corações que me são consagrados que fazem isso. (Autobiografia, § 92)

 

 Alguns aspectos desta lamentação de Jesus

  • É interessante notar que foi na França do século XVII onde todos os franceses eram católicos praticantes, onde as vocações eram numerosas, como nunca antes (120 seminários na França que acolhiam milhares de seminaristas), que Jesus lamenta-se de não ser amado.
  • A mensagem parece ainda mais atual hoje em dia, numa sociedade secularizada onde Deus tornou-se um estranho, onde nós vivemos como se Deus não existisse. Será que isso não manifesta assim muita ingratidão e indiferença?

– Jesus exprime que é a atitude para com o sacramento da Eucaristia, seu « sacramento de amor », que o faz mais sofrer, por parte dos batizados, que são « consagrados », pela consagração que é o batismo. Ele fala da « frieza », e do « desprezo » para com a Eucaristia. Peçamos a graça, aqui, de tomar consciência da sede de Jesus de ser amado; que o amor de cada um é importante para Ele; que cada falta de amor é para ele um sofrimento. Tenho sede, mas uma sede tão ardente de ser amado pelos homens no Santíssimo Sacramento, que esta sede me consome; e eu não encontro nenhuma pessoa que se esforce, segundo meu desejo, para saciar a minha sede, para me dar um retorno ao meu amor  (Carta 133). Nós somos todos implicados neste lamentação dolorosa.

– O Senhor evoca os « sacrilégios » para com a Eucaristia, cometido particularmente pelos consagrados que são os religiosos e os padres. Esta lamentação pode ser entendida a luz dos sacrilégios cometidos pelos padres na corte da França, pois foi neste momento que se desenvolveram as primeiras « missas negras », ritualizadas pelo Padre Guibourg. Este foi o famoso caso do veneno que eclodiu alguns anos após as aparições de Paray que horrorizou a França inteira.

– Mas não se trata apenas do Corpo Eucarístico de Cristo profanado por estes sacrilégios. Isso se refere também as outras profanações que sofrem os pequeninos em seus corpos. Eu penso principalmente nos corpos das crianças profanadas sexualmente pelos padres criminosos, com os escândalos revelados nestes últimos anos. « O que vocês fizerem a um destes pequeninos, é a mim que vocês fazem. » É o próprio Jesus que é afetado quando a dignidade dos pobres é prejudicada.  Como diz o livro do Eclesiástico, « as lágrimas da viúva não correm pelo rosto de Deus? »  (cf. Eclo 35, 18). Quantas lágrimas correm ainda pelo rosto de Deus enquanto nosso mundo conhece numerosos abusos contra a dignidade da pessoa, inclusive dentro do Povo de Deus.

 

  1. Dar amor por amor

 

Jesus fala a Santa Margarida Maria sobre seu amor apaixonado por todos os homens e lamenta-se por não ser amado em retorno.  Isso seria um pouco esmagador se Ele não houvesse também feito um pedido que podemos resumir assim: « Pelo menos você me ame. » Trata-se de dar amor por amor.  Isto é o que Santa Margarida Maria testemunha: « Eu recebi de meu Deus graças excessivas de seu amor, e me senti tocada pelo desejo de dar algum retorno e lhe dar amor por amor. » (Autobiografia, § 92)

 

Para tornar isto concreto, Jesus dirige-lhe vários pedidos:

 

– o acolher, lhe dar um lugar em seu coração, e significa-lo concretamente, portando sobre ela a Imagem do Sagrado Coração, expondo uma imagem Dele onde ela mora. É a entronização do Sagrado Coração, sobre a qual nós retornaremos.

– receber a comunhão o mais frequente possível, particularmente nas primeiras sextas-feiras de mês.

– viver a « Hora Santa », todas as quintas-feiras, das 23 h até a meia-noite. Trata-se de lhe fazer companhia no momento em que ele sofre sua agonia no Jardim das Oliveiras, para se deixar tocar pelo seu sofrimento de amor e compartilhar com ele, e para obter com Ele a misericórdia pelos pecadores.

– que seja instituída uma grande festa de seu Sagrado Coração para toda a Igreja. Ele pede nesta ocasião uma comunhão de reparação, isto é que comunguemos com uma atenção e um amor particular, que o consolará de todas as ofensas feitas a seu Coração no Sacramento da Eucaristia. Esta festa será definitivamente instituída pelo papa Pio IX em 1856.

Finalmente, a resposta de amor que Jesus pede é se dar totalmente a Ele, de se consagrar a Ele. Na próxima etapa, nós entraremos na segunda parte da nossa jornada, explicando o que é a consagração.